A Mensagem é uma tradução contemporânea
da Bíblia com base nas línguas originais
que procura preservar na linguagem do
dia a dia seus eventos e ideias.
Se há algum diferencial em A Mensagem, talvez seja porque seu texto foi moldado pelas mãos de um pastor atuante. Durante a maior parte da minha vida adulta, eu tinha a responsabilidade principal de apresentar a mensagem da Bíblia a homens e mulheres com os quais trabalhei. Eu o fiz a partir de pregações e estudos bíblicos, em reuniões de estudo bíblico nas casas e em acampamentos nas montanhas, por intermédio de conversas em hospitais e em clínicas, tomando café na casa das pessoas e ao caminhar pela praia. A Mensagem cresceu no solo de quarenta anos de trabalho pastoral.
Enquanto eu trabalhava nessa tarefa, essa Palavra de Deus, que forma e transforma vidas, realmente formou e transformou vidas. Plantada no solo da minha igreja e comunidade, as palavras-sementes da Bíblia germinaram, cresceram e amadureceram. Quando chegou o momento de realizar a obra que é agora A Mensagem, eu geralmente sentia que caminhava por um pomar no tempo da colheita e colhia maçãs, pêssegos e ameixas maduras dos ramos carregados. Dificilmente haverá uma página na Bíblia que eu não tenha visto acontecer de um modo ou de outro na vida de homens e mulheres, santos e pecadores, de quem fui pastor - e, depois, tenha verificado em minha nação e cultura.
Eu não comecei como pastor. Iniciei minha vida vocacional como professor e, por vários anos, ensinei as línguas bíblicas, hebraico e grego, em um seminário teológico. Eu esperava passar o resto da vida como professor e acadêmico, ensinando, escrevendo e pesquisando. Mas, então, minha vida sofreu uma súbita mudança vocacional, para pastorear uma igreja.
Eu estava agora mergulhado em um mundo totalmente diferente. A primeira diferença perceptível era que ninguém parecia se importar muito com a Bíblia que até recentemente eu era pago para ensinar. Muitas das pessoas com quem eu trabalhava agora não sabiam praticamente nada a respeito da Bíblia, nunca a tinham lido e não estavam interessadas em aprender. Muitos outros passaram anos lendo-a, mas, para eles, a Bíblia se perdeu em meio à familiaridade e foi reduzida a clichês. Entediados, eles a abandonaram. E não havia muitas pessoas entre esses dois extremos. Poucos estavam interessados no que eu considerava ser minha tarefa principal: apresentar as palavras da Bíblia à mente e ao coração das pessoas, tornando a mensagem viva. Eles achavam jornais e revistas, vídeos e filmes mais palatáveis.
Enquanto isso, eu assumi, como o trabalho da minha vida, a responsabilidade de fazer essas pessoas ouvirem, ouvirem de fato, a mensagem deste livro. Eu sabia que essa tarefa era difícil para mim.
Mesmo vivendo em mundos de duas línguas diferentes, o mundo da Bíblia e o mundo moderno, sempre entendi que se trata do mesmo mundo. Mas essas pessoas não enxergavam a situação assim. Por isso, foi necessário que eu me tornasse um “tradutor” (ainda que eu não fosse chamado assim naquela época), permanecendo diariamente na fronteira entre dois mundos, tornando a linguagem da Bíblia que Deus usa para nos criar e salvar, curar e abençoar, julgar e governar na linguagem moderna que usamos para comentar sobre a vida e contar histórias, dar instruções, fazer negócios e cantar músicas para os nossos filhos.
E, em todo o tempo, aquelas velhas línguas bíblicas, os poderosos e vívidos originais hebraicos e gregos, continuavam a trabalhar subliminarmente em minha fala, dando energia e agudeza às palavras e frases, expandindo a imaginação das pessoas com as quais eu trabalhava para ouvir a linguagem da Bíblia na linguagem moderna e a linguagem moderna na linguagem da Bíblia.
Eu o fiz durante trinta anos em uma congregação. E, então, num dia (30 de abril de 1990), recebi uma carta de um editor pedindo-me para trabalhar em uma nova versão da Bíblia dentro dos limites do que eu vinha fazendo como pastor. Eu concordei. Os dez anos seguintes foram um tempo de colheita. A Mensagem é o resultado.
A Mensagem é uma Bíblia de leitura. Não tem a intenção de substituir as excelentes Bíblias de estudo que estão disponíveis. Meu propósito aqui (tal como foi antes em minha igreja e comunidade) é simplesmente fazer que as pessoas a leiam, pessoas que não sabem que a Bíblia é um livro para ser lido, pelo menos por elas, e fazer que pessoas que perderam, há muito, o interesse pela Bíblia a leiam novamente. Mas eu não tentei fazer disso uma tarefa fácil há muita coisa na Bíblia difícil de entender. Por isso, em algum momento durante o caminho, cedo ou tarde, vai ser importante tomar uma Bíblia padrão de estudos, para facilitar estudos posteriores. Enquanto isso, leia para viver; ore enquanto lê: “Deus, que seja comigo assim como dizes”.